Se fôssemos fortes

As chamadas más companhias existem.
 
Não podemos atribuir a elas todos os nossos pecados, mas podemos creditar a elas parte dos erros que cometemos.
 
Quando admitimos esta realidade, damos razão ao apóstolo Paulo. Citando o poeta Menandro, ele nos lembra que não devemos achar que as más companhias não pervertem até os bons (1Coríntios 15.33).
 
Num tempo de tanta conectividade, podemos juntar ao rol das companhias, boas e ruins, os meios de comunicação com os quais interagimos.
Às vezes, ouvimos que o comportamento desta pessoa ou daquela é devido ao celular, à internet ou à televisão.
 
Não é justo com estes meios pôr na conta deles os nossos desvios.
No entanto, não podemos ser ingênuos.
 
Se ficamos expostos muito tempo diante destes meios, o conteúdo deles, que não é neutro, poderá nos influenciar, embora a responsabilidade pelas decisões que tomamos, influenciadas por eles, nos caiba.
 
Cabe-nos, então, vigiar.
 
Todos os conteúdos que consumimos, através de livros, jornais, programas de televisão e/ou sites, exercem sobre nós uma influência. Os lugares a que vamos exercem influência sobre nós. Os adesivos de automóveis que vemos nos influenciam. Os dizeres das camisetas que os outros usam nos influenciam.
 
O tempo que gastamos com estes meios é uma escolha que fazemos.
 
Os ambientes que frequentamos são poderosos demais sobre nós.
 
Se percorremos ambientes em que se fala muito alto, é provável que falemos alto também.
Se os diálogos que escutamos são permeados por palavrões, é possivel que cheguem também aos nossos lábios.
 
Se os amigos com quem convivemos traem seus amores, poderemos passar achar normal a traição.
 
Talvez nos achemos suficientemente fortes para influenciar os ambientes que trafegamos. Devíamos mesmo ser suficientemente fortes para oferecer as nossas perspectivas bíblicas sobre como devemos nos portar e para manter puros os nossos corações sem que sejam contaminados, mas esta não é a regra.
 
Feliz é ficar longe do caminho dos que têm prazer no pecado (Salmo 1.1).
Não estou propondo que vivamos numa bolha, sobretudo porque a bolha é falsa, ao vender a imagem de uma perfeição que não existe e ao propiciar um território fértil para a hipocrisia.
 
A bolha não é o nosso lugar (João 17.15).
 
Só estou sugerindo que não devemos ser ingênuos, ao ponto de pensar que somos capazes de passar ilesos pelas tentações e seduções, particularmente aquelas sutis, que vêm através do contato diário com as más companhias, sejam pessoas ao nosso lado ou provedores de conteúdo do outro lado, como programas de televisão, folhas de uma revista ou um livro, páginas na internet ou plataformas de relacionamentos.
Israel Belo de Azevedo