Fé versus arrogância

Vede o arrogante! A sua alma não é correta; mas o justo viverá por sua fé”. (Hc 2.4)
A fé tem uma inimiga de peso: a arrogância. Esta trabalha com intensidade pela desmoralização daquela. O melhor conceito de fé é: “Crer na Palavra de Deus”. Esta é a história do patriarca Abraão. Ele confiou na suficiência da Palavra de Deus (Gn 12.1-9). A arrogância dos construtores de Babel (Gn 11) contrasta com a vida simples, de fé, do velho Abraão. Sabemos que a fé confia no Deus da Palavra e de palavra. Na arrogância, o homem confia em si mesmo. Este é o fundamento do antropocentrismo. Na sua arrogância o homem confia plenamente nas suas potencialidades. A fé é simples. A arrogância é sofisticada e voltada para os que confiam em seus bens materiais, bem como em sua cultura. Vivemos num mundo de orgulho, de prepotência. Andar no solo da prepotência ou do orgulho é se autopromover. Viver arrogantemente é ter um estilo de vida voltado para a aparência. Torna-se um estilista da religião.

Há um fosso entre a fé e a arrogância. Elas são incomunicáveis. Na leitura que fazemos dos evangelhos vemos a grande diferença entre Jesus e os religiosos judeus. É a simplicidade, pureza e sensibilidade versus complexidade, impureza e insensibilidade ou dureza de coração. Os religiosos judeus eram incoerentes em seu proceder. A religião judaica era um sistema que privilegiava os membros do cleroe seus apadrinhados. Por outro lado, quando efetivamente realizamos uma releitura dos evangelhos podemos perceber a relevância da liberdade para fazer toda a vontade de Deus em Cristo Jesus (João 8.36; Gl 5.1). Somos chamados à vida do evangelho. À vida de justiça pela fé. Vida abundante e cativante; de serviço e entrega; de visão e administração competente.
A fé traz saúde para a vida pessoal e para o Corpo Vivo de Cristo – a Sua Igreja. Produz alegria, contentamento. A fé cresce no solo da vontade soberana de Deus em Cristo Jesus. A luta da fé contra a arrogância é intensa. É uma luta interna e externa. Os principados e as potestades deste mundo tentam travar e até destruir a fé daqueles que foram alcançados pela graça do Pai (Ef 6.10-18). Que foram justificados pela fé na obra de Cristo na cruz.NELE somos mais que vencedores (Rm 8.37). O que vence o mundo do orgulho é uma vida de (dom de Deus, Ef 2.8-10) nAquele que é manso e humilde de coração, simples em toda a Sua expressão. “Pois todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5.4). A nossa resposta a um mundo que cultua a arrogância é uma vida marcada pela centralidade de Cristo Jesus. Ele é o centro da nossa vida. A razão do nosso viver.
A fé e a arrogância não combinam. Um homem de fé, cuja natureza é a de Cristo, jamais pode ser conduzido ou ter um estilo de vida marcado pela arrogância. Por outro lado, um homem que vive no orgulho não vive pela fé. O arrogante quer ver para crer. O homem de fé crê para ver. “Jesus lhe respondeu: Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?” (João 11.40). Precisamos examinar diariamente o nosso coração à luz da Palavra de Deus. Estevão era um diácono cheio de fé e sabedoria, mas aqueles que o apedrejaram eram cheios de incredulidade, maldade e insensatez. Não podemos prescindir de uma vida de fé caracterizada pela dependência do Pai e pela humildade. Jesus morreu na cruz para destronar o homem da sua arrogância (Mt 11.18-30).
Viver pela fé é viver debaixo da vontade de Deus. Viver de forma arrogante é viver uma vida independente, autônoma. A vida de fé é uma vida teônoma, isto é, governada pela lei do Senhor. Paulo testemunha: “Não mais eu, mas Cristo” (Gl 2.20). Há uma substituição da arrogância pela fé; de uma vida de murmuração pela vida de gratidão e contentamento; de uma vida profana por uma vida santa; de uma vida insegura por uma vida segura; de uma vida egocêntrica por uma vida cristocêntrica. Que o nosso testemunho seja uma vida de fé para a Glória de Deus Pai.
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Pastor da Segunda Igreja Batista em Barra Mansa – RJ