O mundo não era digno dele - Pr. Sylvio Macri

Acabo de ler o capítulo 11 da Carta aos Hebreus, o capítulo da grande nuvem testemunhas, também chamadas de heróis da fé. Como de outras vezes que o li, novamente me chamou a atenção o fato de o autor afirmar no v.38 que “o mundo não era digno dessas pessoas.” Isto é, pela fé esses nossos irmãos do passado adquiriram uma dignidade que o mundo não lhes pôde oferecer.

De fato, do ponto de vista meramente mundano, Abraão era apenas um hebreu errante, que confiou na promessa de uma possessão terrena e jamais a alcançou. Como diz Estêvão em seu famoso sermão, Deus o tirou de Harã e o levou de lugar em lugar, mas “não lhe deu herança, nem sequer o espaço de um pé” (At.7.5). Somente depois de quatro séculos é que sua descendência recebeu essa terra prometida.

Do ponto de vista mundano, Noé era apenas um louco que do nada resolveu construir um navio enorme, por supostamente ter ouvido de Deus um aviso de que o mundo sofreria um dilúvio terrível e destruidor.
Ninguém lhe dava importância, pelo contrário, “comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos” (Lc.17.27).

“Alguns foram torturados e não aceitaram ser livrados (....), outros experimentaram zombaria e espancamentos, correntes e prisões. Foram apedrejados e provados, serrados ao meio, morreram ao fio da espada, andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados (....). Andaram vagando por desertos e montes, por cavernas e buracos da terra” (Hb.11.35-38).

O mundo não via neles nenhuma dignidade. O mesmo acontece com a igreja perseguida de nossos dias. Porém, nem esses heróis da fé do passado nem os heróis da fé do presente buscavam/buscam qualquer dignidade neste mundo, “mas almejavam/almejam uma pátria melhor, isto é, a celestial. Por isso, também Deus não se envergonha deles, nem de ser chamado o seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade” (Hb.11.16).

Pr. Sylvio Macri