Quem é o meu próximo?

A pergunta foi feita por um doutor da lei a Jesus, após ele próprio declarar que a lei se resumia em amar ao Senhor Deus de todo o coração, e de toda a alma, e de todas as forças, e de todo o entendimento e ao próximo como a si mesmo, e Jesus dizer-lhe que se fizesse isso viveria (Lucas 10.27-29).
 
A pergunta tinha a intenção de justificar-se para o Mestre que, conhecendo o coração dele, sabia que não amava ao seu próximo.
Diferentemente do que geralmente pensamos, próximo não é sinônimo de semelhante e não é uma expressão que faça referência a qualquer pessoa, em qualquer lugar, distante de nós. Próximo no texto em referência, é tradução de da palavra grega plesion que significa vizinho, companheiro, pessoa com quem se vive ou com quem se encontra.
O interlocutor de Jesus tinha dificuldades com este mandamento porque ele não conviveria, nem teria por companheiro, e nem buscaria se encontrar com pessoas que não fossem da comunidade hebraica. Daí ele ter feito a pergunta a Jesus, como quem diz: “Meu companheiro, ou posso conviver com qualquer pessoa?”
O exemplo que Jesus relata ao doutor da lei é pleno de ensinamentos sobre quem é o próximo e de como age quem ama ao próximo.
1. Qualquer pessoa pode se tornar o próximo de outra. Isto não é privilégio nem dever de religiosos somente. Pelo contrário há muita indiferença e hipocrisia entre muitos religiosos. Muitos evitam fazerem-se próximos de pessoas necessitadas e outros parecem fazer-se próximos e cuidar de outras pessoas somente para fazer tocar trombeta diante de si. Ao contrário, que se fez próximo do necessitado, aproximando-se e colocando-se junto a ele, foi um homem desprezado pelos judeus, um samaritano.
2. Manifestações de amor ao próximo, com ações de socorro, precisam ser para com quem realmente necessita de cuidados. O samaritano se aproximou e socorreu um homem que estava em estado de incapacidade total. Financeiramente havia sido assaltado e despojado de tudo (provavelmente até de suas roupas). Isto significa que não tinha como utilizar recursos próprios para buscar socorro. Fisicamente estava muito machucado e semimorto. Não poderia se movimentar e buscar socorro mesmo se tivesse recursos financeiros para isso. Era realmente um necessitado.
3. Ações de cuidado para com o próximo precisam ser pessoais e completas. O samaritano não foi procurar alguém para curar as feridas do homem ferido, mas utilizou suas próprias mãos. Também não o deixou ali depois de cuidar das feridas, mas colocou-o sobre a sua própria cavalgadura e levou-o para um lugar onde poderia continuar cuidando dele. Quando teve que se ausentar para continuar sua viagem, pagou e se dispôs a pagar mais pelo cuidado que contratou com o hospedeiro.
4. O cuidado com o próximo necessitado é uma questão pessoal e não uma responsabilidade comunitária. Um dos grandes problemas que enfrentamos hoje com o cuidado com o próximo são as tentativas de isenção de envolvimento pessoal e real, e as tentativas de se lançar sobre comunidades, principalmente religiosas, a responsabilidade de se cuidar de pessoas necessitadas. Jesus não disse que aquele homem levou o ferido para a sua comunidade religiosa, nem procurou dividir a responsabilidade com o hospedeiro ou qualquer outra pessoa. Mas ele próprio, por amor, por íntima compaixão, por misericórdia, assumiu a responsabilidade para com aquele de quem se fez o próximo.
Pr. Dinelcir de Souza Lima
Pastor da Igreja Batista Memorial de Bangu
Fonte: www.adiberj.org