Não tenhamos piolhos!

Em 1808 – Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história da de Portugal e do Brasil, Laurentino Gomes narra a vinda da corte de D. João VI ao Brasil, quando Napoleão invadiu Portugal. O livro dá uma excelente visão do Brasil no início do século 19. E mostra as grandes mudanças sociais e culturais o país teve.

A Princesa Carlota, filhas e damas da corte desembarcaram no Rio com as cabeças raspadas ou cabelos bem curtos, usando turbantes, porque pegaram piolhos na viagem. As mulheres do Rio se encantaram. Acharam que era a moda na Europa. Rasparam a cabeça e passaram a usar turbantes para imitar as nobres piolhentas.


Em Paris, o vento tirou o chapéu de Santos Dumont. Ele correu atrás e o pisou, para pegá-lo. Ao chegar ao Brasil, os homens estavam usando chapéu com um amassado como o que ele fizera no seu.

O espírito de imitação é muito forte nas pessoas. Elas se juntam em tribos, mesmo na cidade. Copiam roupa, vocabulário, penteados, etc. A moda é bobeira que passa. O problema é quando se copiam valores e condutas errados. Aos 12 anos fui fazer o ginásio no Colégio Piedade, no Rio. Eu era o 19, da turma 1400. Um colega, o 23, me indagou: “19, você fuma?”. “Não”, disse eu. Ele me disse: “Então você não é homem”. Fui fumar. Felizmente detestei. Troço bobo: engolir e soprar fumaça. E fedia. Não quis imitar os outros.
Nas igrejas, as novidades logo são copiadas. Como a coreografia ou dança. Gente saltitando, sem jeito, ao som de um hino que nada tem a ver com o sacolejo. Não acrescenta nada, e se for suprimida não faz falta. Às vezes parece dança árabe: umbigos exibidos e véus esvoaçando. Mas virou moda. Já vi coreografia com o Coral cantando “Aleluia”, de Haendel. Grotesco.

Há o copismo moral. Os crentes assimilam o erro e agem como o mundo. Um exemplo são os políticos evangélicos. Um vexame! Mas muitos de nós, em várias ocasiões, imitamos uma sociedade moral e espiritualmente doente. Como não edifica, omito exemplos.
“E não vos conformeis a este mundo…” (Rm 12.2). O original dá a ideia de “não tomeis o molde”. O seguidor de Jesus não é uma massa moldada pelo mundo. Ele se “transforma”. E aqui o texto grego traz metamorfouste, de onde vem “metamorfose”. O crente deve se metamorfosear, isto é, passar a um nível superior. Deve ter a mente regida por valores bíblicos, e não pela televisão e por Hollywood.

Se é para imitar, imitemos o que presta. Diz Paulo: “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo” (1Co 11.1). “Imitar” é o grego mimetaí, de onde vem mimetismo, o fenômeno de assumir o ambiente em que está. Não imitemos gente com piolho na mente, mas bons modelos. Busquemos o caráter de Jesus. Este vale a pena imitar.

Fonte: http://www.isaltino.com.br/2013/01/nao-tenhamos-piolhos/#more-2843