Não sou músico, mas sempre gostei de música, e percebo que esse gosto
está presente na esposa e filhos. A esposa canta no coral, tem voz
afinada e bom ouvido. A filha primogênita tem CD gravado , o filho
toca bem violão e guitarra e é líder do Grupo de Louvor da igreja e a
caçula também tem voz afinada e a usa para louvar ao Senhor.
Há algum tempo viajava com o músico e cantor Marquinhos Gomes, de
carro, com destino a São Paulo. Seus CDs e DVDs eram, na época,
distribuídos por nós ao mercado, em nível nacional.
Ao longo da viagem conversamos sobre muitas coisas agradáveis e
instrutivas, uma dessas foi sobre “tocar o segundo violino”, o que
nem todos os músicos querem . Ele, empolgadamente explicou-me como
isso funciona.
O primeiro violino da orquestra, sob a execução do competente
violinista, vai embevecendo, encantando a plateia, enquanto o segundo
violino só entra em cena de quando em quando, conforme a composição
musical. O violinista do segundo violino tem que esperar paciente e
atentamente o seu tempo chegar, para, então, deslizar o arco em uma
,duas ou mais cordas. Feito isto, esperar, continuar atento, de olho na
partitura , o novo momento, lá na frente, em que voltará a tocar por um
instante.
Quero me valer desses informes das apresentações musicais com violinos para aplicar à liderança, à administração.
Há muita gente que não sabe tocar o segundo violino, isto é, atuar de
vez em quando, quando é necessário, quando é solicitado e ficar feliz
por cumprir determinada função.
Quando chega o final de ano em nossas igrejas há a eleição da nova
diretoria estatutária, de novos líderes de ministérios , departamentos e
comissões. Esses ministérios têm seus coordenadores,
vices–coordenadores, membros. As comissões têm seus relatores e
respectivos membros. Quantos problemas ocorrem durante os mandatos,
quando um coordenador, vice, ou um membro de ministério ou de comissão
não sabe “tocar o segundo violino”!
Tem-se observado que os pastores bem sucedidos em seus ministérios
souberam tocar o “segundo violino” quando seminaristas. Souberam estar
atentos àqueles seus líderes que tinham condições de tocar toda a
partitura.
Depreendemos da Palavra de Deus em Isaías 14.12-15 (IBB) que a queda de
Lúcifer (Portador de Luz), tipificado pelo rei da Babilônia, foi porque
quis ir além dos limites. Diz o texto : “Como caíste do céu, ó estrela
da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra tu que prostravas
as nações! E tu dizias no teu coração: eu subirei ao céu; acima das
estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me
assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das
nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo levado serás ao Seol,
ao mais profundo do abismo.”
Um portador de luz que, não sabe se restringir ao papel que lhe foi confiado , pode se tornar em portador de trevas.
Porque quis usurpar a posição do Altíssimo foi desqualificado,
amaldiçoado e precipitado à atmosfera da terra com os anjos que caíram
com ele.(Gn.3.1/Lc.10.18). Disse Jesus que o inferno foi preparado
para o Diabo e seus anjos (Mt.25.41). Nesse lugar serão presos
eternamente.
Tive dois pastores nos nove primeiros anos de vida cristã. O primeiro,
que me batizou, me apoiou e me estimulou a me desenvolver no seio da
Igreja, seu nome, Anthidio Dias da Silveira, chamado à presença do
Senhor com mais de 90 anos de idade. Após consagrado ao Ministério,
convidou-me algumas vezes a pregar na Igreja que pastoreou por mais de
50 anos, onde nasci espiritualmente. O segundo Pastor, Joaze Gonzaga de
Paula, foi assessor da Junta de Missões Estrangeiras, atual, Junta de
Missões Mundiais, e, tempo depois, Secretário Executivo da Convenção
Batista Carioca. Eu era seu Diretor de Evangelismo na PIB de
Higienópolis, Rio.Atualmente, aposentado, mora em Vargem Grande, Rio. A
esses dois pastores que me pastorearam sempre fui leal, sabendo, pela
misericórdia de Deus, o meu lugar, isto é, o de “tocar o segundo
violino”. Por mais de 40 anos trabalhei em empresas nas áreas
administrativa e comercial. A gente tem que saber até onde pode ir,
sem criar atrito, sem atropelar ninguém. Sem perder o emprego
abruptamente.
Temos que estar atentos quanto à Síndrome de Lúcifer. Peçamos a Deus
que nos ajude a atuar, dentro de nosso quadrado, até que Ele nos promova
ao quadrado mais alto.
Autor: Pr. Eraldo Bernardo
IB Memorial de Manguinhos