Desde a criação da humanidade, a Bíblia deixa bem claro a importância
da família, por isso foi a primeira instituição criada por Deus. Quando Deus
criou o homem e a mulher, deu-lhes um lar. A origem da palavra “lar” é bem
interessante e sugestiva. Diz a tradição que ela vem do nome dado aos deuses
romanos que protegiam um domicílio. Eles eram chamados de “Lares”, que eram
relacionados ao local onde era aceso o fogo para cozinhar e aquecer. Daí vem a
palavra “lareira”, lugar que aquece não só o alimento que comemos, mas
principalmente o corpo, os sentimentos e as emoções. E quem não gosta de se
aquecer perto de uma lareira, principalmente numa noite fria e chuvosa? Essa é
a principal ideia de um lar e de uma família: lugar onde os corações se
aquecem, se alimentam, permanecem juntos e são protegidos.
Todos planejam morar em uma casa agradável, bem localizada, acessível e
que ofereça conforto e segurança para a família. Porém uma moradia é muito mais
do que um projeto material. Uma casa é feita com areia, cimento, pedra, tijolo,
etc. Um lar é construído com paciência, determinação, empatia, coragem e muitas
outras virtudes. Há uma sensível diferença entre casa e lar, e daí eu pergunto:
Você mora em uma casa ou em um lar?
Você pode até mudar de casa, mas nunca de lar. Você pode morar numa
casa nova com móveis modernos e utensílios domésticos de última geração, mas se
não tiver um lar de nada valerá tanto esforço e investimento. Um lar pode ser
encontrado numa mansão sofisticada ou debaixo de uma ponte, marquise ou abrigo
de papelão; no asfalto ou no morro; na capital ou no interior. Um lar é muito
mais do que uma casa para morar, é o lugar onde a família reside e se encontra,
é o lugar onde há amor, fé, perdão, acolhimento e interação. É o lugar onde
relacionamentos saudáveis são construídos e onde todos se aquecem.
É o lar, o ambiente familiar, o principal centro de ensino da fé
cristã. A crise que a maioria das igrejas enfrentam nos dias de hoje teve, em
grande parte, origem quando transferiu a prática da espiritualidade apenas para
o templo. Antes de falar da relevância das igrejas locais como ponto de união
para que as famílias se reúnam para celebrar, conviver, compartilhar e
ministrar-se mutuamente, devemos resgatar o sentido do aprendizado e da prática
da fé nas igrejas domésticas, ou seja, os lares onde cada um de nós reside.
E quanto a esse detalhe tão importante, sem dúvida, está o resgate do
papel sacerdotal do homem (marido, pai e filho). Homens que fazem a diferença
são separados por Deus para comunicar Sua voz e Sua vontade, primeiro à sua
família; depois, aos demais. No Antigo Testamento, o centro de toda ação
sacerdotal era o templo, enquanto que no Novo Testamento começava no lar e se
refletia em toda a sociedade. A fé da igreja primitiva desenvolveu-se
basicamente a partir das reuniões nas casas, em família, e o marido/pai era o
principal condutor do ensino religioso.
O sacerdócio faz parte da identidade do homem cristão. Mesmo que nem
todos sejam chamados para a paternidade, todavia, todo homem cristão é chamado
para ser um sacerdote. Assim, antes mesmo de ser pai, todo homem precisa
assumir, aprender e exercitar o seu ministério sacerdotal, isto é, manifestar
com a sua vida, a glória e a vontade de Deus para o mundo, a partir do seu lar.
Logo, todo homem precisa resgatar o significado e a importância do seu papel,
ministrando as coisas de Deus primeiramente para os seus. (I Tm 3.5).
O homem-sacerdote deve ter uma vida cheia do fruto do Espírito (Gl
5.22-23); deve estabelecer na família os valores espirituais como prioridade
(Mt 6.33); deve se santificar e continuamente interceder pela sua esposa e
filhos (I Pe 3.7). O homem-sacerdote deve apontar primeiramente para os seus
familiares, o caminho do Calvário, como símbolo do amor sacrificial de Deus, em
Jesus Cristo (At 16.31). O homem-sacerdote deve educar os filhos exercendo
autoridade e disciplina para que eles aprendam a estabelecer limites, para que
o Senhor os abençoem e os protejam do mal. Devemos lembrar que a autoridade
deve ser pelo exemplo e amor, não pela imposição de regras (Ef 6.4).
Há na Bíblia um homem exemplar e que fez toda a diferença para a sua
geração, chamado Josué, sucessor de Moisés. Quando diante de um dos maiores
desafios de sua vida, deixou sua marca esclarecendo e definindo a sua crença e
a de sua família: “... Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js
24.15). Este é o principal papel do sacerdote no lar: conduzir sua família aos
caminhos do Senhor. Quando pai, mãe e filhos, unidos, servem ao Senhor com
alegria, transformam o lar no ambiente mais acolhedor e aconchegante que se
possa imaginar.
Homem faça a diferença e que Deus abençoe você e sua família!
Pr. José Paulo Moura Antunes
Pastor e Psicólogo