Perdão: Grande Perda

O poeta e pastor Wilson Tonioli faz um interessante jogo de palavras, definindo perdão como uma “perda grande”.
Perdão é só uma perda grande.

Se abres mão de tuas razões em favor do outro,

grande perda terás: Perdão.

Se esqueces teus direitos por querer o próximo,

grande perda terás: Perdão.
Se entregas algo sem um retorno mínimo,
grande perda: Perdão.
Se vês, ouves, sentes mas não guardas no íntimo,
perda grande: Perdão.
Se traído, negado, confrangido, e ainda dás o máximo,
ganharás nada, perderás grande: Perdão
Quando, crucificado na cruz de outro, recobras o ânimo…
Perdão…
Que é só uma perda grande.
Perdoar é consentir num mandato de Deus para assistir ao milagre da sua graça. 

Perdoar é poder escolher de novo, livrando-nos da repetição. É reconhecer que os outros não são responsáveis pela nossa infelicidade. É livrar a mim e ao outro do caminho conhecido de culpar alguém. 

Perdoar é aceitar: aceitar que vivemos debaixo da graça de Deus, aceitar-nos a nós mesmos como pessoas perdoadas. Perdoar é experimentar que podemos tornar a escolher, que o mundo está aberto a novas percepções da multiforme graça de Deus. 



O perdão dissolve a aparentemente justa vingança, desativa a reação defensiva da pessoa, livrando-a do ressentimento. É por isso que o perdão distende, relaxa, põe um bálsamo curativo na ferida e estimula a espontânea capacidade curativa. Ainda mais: o perdão é um milagre porque transforma algo que foi negativo em uma possibilidade de recriação.

(Este escrito é parte, livremente adaptada, de um artigo de Karin H. K. Wondracek para o anuário devocional “Manancial” (UFMBB, 2001). No referido artigo ela cita a poesia acima e palavras do Dr. Carlos Hernandez, que aqui reproduzimos).

Pr. Sylvio Macri

Pastor da IB Central de Oswaldo Cruz-RJ