Peso pastoral

A medida que novas descobertas acontecem, algumas profissões são atingidas. O surgimento da carreira psicanalítica, no passado, levou muitos pastores a sentirem-se ameaçados. Lembro-me de um jovem que, logo no início de nosso ministério, contestou-me por aconselhá-lo a procurar um psicólogo. Trinta anos depois confessou que seus problemas eram originados por rejeitar o conselho.

À medida que a neurociência evoluiu, provando o poder que a palavra exerce sobre a mente humana, a responsabilidade pastoral, na área da pregação, tornou-se muito mais séria. Muitas vezes, o que os fármacos não conseguem, a palavra consegue.
O professor Marco Callegaro, afirma: “a psicoterapia altera o funcionamento do cérebro. Uma palavra pode ser mais poderosa do que um fármaco ou um bisturi, para mudar os padrões de atividade neural de uma pessoa.”


Não entrando em área científica que não nos pertence, pelo menos, tal afirmação serve de alerta para nós pastores, mostrando quanta responsabilidade temos, quando estamos pregando. Assim como, ao pronunciarmos nossos conceitos, podemos estar curando, podemos também estar provocando enfermidades em nossos ouvintes. Lembro-me de certo pregador que, ao ser lançada a moda da saia mais curta, incluía advertência em todos os seus sermões. Meses depois, surgiu a moda da saia longa. Não faltaram comentários jocosos a respeito. As ovelhas comentavam: “O pastor ficou sem sermão”. Cabe a pergunta: Houve cura ou piora?

O fato de haver provas científicas de que palavras podem causar danos, que efeito tem tido nossas palavras aos nossos ouvintes? Eles têm apresentado melhoras ou pioras? Ao pronunciar nossas palavras ao nosso próximo, temos tido o cuidado de não prejudicar sua saúde?

Bem, a esta altura, alguém perguntará: Qual a saída? A saída é buscar, em primeiro lugar, a limpeza de nosso coração, pois dele é que procede tudo. Palavras, sentimentos, emoções, ações, atitudes, tudo, tudo. O segredo está na sexta bem-aventurança: “ Bem-aventurados os limpos de coração”. E, através do resultado de nossas atitudes para com os outros, veremos primeiro a Deus, e depois veremos a eles, e os veremos com a saúde que nossas palavras produziram. O peso saiu dos ombros do pastor, e foi lançado sobre os ombros de Deus. Amem, e amém.

Acabou-se o peso pastoral!

Pr. Manoel de Jesus Thé
Fonte:www.adiberj.org