Jesus e a cidade

É interessante notar, nos relatos bíblicos, a relação de Jesus com a cidade. Foi em Belém – uma pequena cidade – que ele nasceu. E foi em Nazaré, outra pequena cidade, que ele viveu a maior parte da sua vida. Como sede do seu ministério inicial escolheu a cidade de Cafarnaum, onde recrutou a maior parte dos seus discípulos. É certo que também exerceu atividades na zona rural, mas a maior parte da sua pregação e dos seus milagres foi realizada nas cidades.

Após curar muitos doentes e libertar muitos endemoninhados em Cafarnaum, percebeu que a multidão e seus discípulos iriam pressioná-lo a desviar-se da sua missão, e por isso, após orar muito, disse a estes últimos: “Vamos aos povoados perto daqui, para que eu possa anunciar o evangelho ali também, pois foi para isso que eu vim.” E o evangelista completa: “Jesus andava por toda a Galiléia, anunciando o evangelho nas sinagogas e expulsando demônios” (Mc.1.38,39). Note-se que não havia sinagogas em lugares muito pequenos, pois era necessário um número mínimo de homens para compor uma sinagoga; por isso podemos considerar esses “povoados” como, no mínimo, pequenas cidades.

Mateus também registra a atividade urbana do Senhor: “Jesus andava visitando todas as cidades e povoados. Ele ensinava nas sinagogas, anunciava a boa notícia sobre o Reino e curava todo o tipo de enfermidades e doenças graves das pessoas. Quando Jesus viu a multidão, ficou com muita pena daquela gente porque eles estavam aflitos e abandonados, como ovelhas sem pastor.
Então disse a seus discípulos: A colheita é grande mesmo, mas os trabalhadores são poucos. Peçam ao dono da plantação que mande mais trabalhadores para fazerem a colheita” (Mt.9.35-38). Observem que Jesus teve uma visão correta da obra missionária na cidade, isto é, não só da multidão sem destino e sem esperança, mas também do reduzido número de missionários e da necessidade de oração intercessória por essa obra.

Outro aspecto importante da relação de Jesus com a cidade, é que ele encerrou seu ministério em Jerusalém, a maior cidade da sua pátria e uma das mais antigas do mundo, pois foi fundada no terceiro milênio antes de Cristo e conquistada pelo rei Davi em 990 A.C., quando foi transformada em capital do reino de Israel. Não poderia ser diferente, porque, como dizia Jesus, “um profeta não deve ser morto fora de Jerusalém”, e, portanto, caminhava para lá, a fim de submeter-se à cruz. (Lc.13.33). 

Assim, foi em uma cidade, uma das mais importantes da época, que Jesus foi julgado, condenado e morto na cruz pelos nossos pecados. Mas foi ali também que ele ressuscitou e derramou seu Espírito sobre o pequeno grupo de discípulos que veio a tornar-se a sua igreja espalhada por dezenas de milhares de cidades no mundo inteiro.

Pr. Sylvio Macri

Pastor da IB Central de Oswaldo Cruz-RJ