CUIDADO COM A ARROGÂNCIA (ISRAEL BELO DE AZEVEDO)

Jesus veio ao mundo para, segundo suas próprias palavras, chamar os pecadores, não os bons, ao arrependimento (Mateus 9.13). Para nos arrependermos, precisamos reconhecer que somos pecadores. Se nós nos achamos bons, não há salvação para nós. Jesus veio para trazer saúde aos enfermos. Quem tem saúde não precisa ser curado (Marcos 2.17). 

Nossa salvação começa como um desejo de Deus para nós e se realiza quando temos uma visão correta de quem somos. Jesus não veio "para o superespiritual, mas para o vacilante e o enfraquecido que sabem que não têm nada a oferecer, e que não são orgulhosos demais para aceitar a esmola da graça admirável". (Brennam Manning)

O problema é que naturalmente somos arrogantes. Naturalmente não admitimos que somos pecadores. Naturalmente temos dificuldade para reconhecer que estamos doentes. Mesmo quando a dor nos alcança, muitas vezes nos automedicamos, para não procurar um profissional da saúde.


O melhor caminho é orarmos como o poeta do salmo 70:

 "Eu sou pobre e necessitado".

Quando afirmamos a nossa pobreza (não necessariamente econômica) e a nossa necessidade (não necessariamente de coisas), reconhecemos a nossa dependência de Deus.

Quando reconhecemos a nossa dependência, começamos a orar. Quando oramos, estamos prontos para receber o que Deus tem para nos dar. Quando oramos, experimentamos a realização da promessa divina, de que Jesus nos dá tudo o que necessitamos (Filipenses 4.19).

Quem se reconhece "pobre e necessitado" ora: "Salva-me" (verso 1a).

Quem se põe diante de Deus como "pobre" pede: "Ajuda-me" (verso 1b)

Quem se sabe carente da misericórdia de Deus clama: "Vem depressa em meu auxílio". (verso 5).

Quando nos vemos como pobres e necessitados, estamos prontos a viver no compasso da graça de Deus, que é reconhecer toda a história da nossa vida, admitindo inclusive o nosso lado escuro. Quando admitimos o nosso lado escuro, aprendemos quem somos e entendemos o que a graça de Deus significa. (Brennan Manning)

Como pregou Paul Tillich (1886-1965),"agraça nos atinge quando estamos em grande dor e desassossego. Ela nos atinge quando andamos pelo vale sombrio da falta de significado e de uma vida vazia. Ela nos atinge quando, ano após ano, a perfeição há muito esperada não aparece, quando as velhas compulsões reinam dentro de nós da mesma forma que têm feito há décadas, quando o desespero destrói toda alegria e coragem".

Nessas condições em que nos encontramos, "algumas vezes naquele momento uma onda de luz penetra nossas trevas, e é como se uma voz dissesse:

Você é aceito. Você é aceito, aceito pelo que é maior do que você, o nome do qual você não conhece. Não pergunte pelo nome agora; talvez você descubra mais tarde. Não tente fazer coisa alguma agora; talvez mais tarde você faça bastante. Não busque nada, não realize nada, não planeje nada. Simplesmente aceite o fato de que você é aceito”.