Ninguém gosta de ser julgado, mas todo mundo sempre tem uma
“opinião”. O problema com os maus julgamentos é que eles sempre custam
caro para todo mundo. Eles desfazem relacionamentos, destroem reputações
e despedaçam corações. Paulo sofreu muito com isso.
Sua segunda carta aos coríntios é seu tratado mais pessoal, seu
manifesto em defesa de sua dignidade e seu ministério. Ele tinha
inúmeros inimigos em Corinto, homens que estavam determinados a criticar
todos os seus movimentos e minar a confiança da igreja em suas
credenciais apostólicas. Já no primeiro capítulo, o apóstolo destaca
pelo menos três das acusações feitas contra ele: (1) eles acusavam a sua
conduta enquanto líder (2Co 1.12); (2) criticavam a sua carta anterior
(2Co 1.13-14), e (3) julgavam o seu compromisso não cumprido (2Co
1.15-2.4).
Ocorre que Paulo havia planejado visitar os coríntios em duas
ocasiões diferentes, primeiro, na sua ida à Macedônia, e depois, em seu
retorno de lá (2Co 1.15-16). Os planos mudaram quando Timóteo, após ter
levado a primeira carta para eles, informou o apóstolo sobre como as
coisas estavam péssimas em Corinto. Ao ouvir o relato, Paulo se dirigiu
imediatamente para lá, em visita disciplinar bastante controversa.
Entristecido, ao retornar para Éfeso, decidiu não ir novamente a Corinto
até que as coisas se esfriassem e não houvesse mais tristeza entre eles
(2Co 2.1-2). Essa mudança de planos, no entanto, foi motivo de forte
julgamento contra o apóstolo, a ponto de o acusarem de leviano e mundano
(2Co 1.17-18), quando, na verdade, ele estava querendo apenas poupá-los
de qualquer desgosto (2Co 1.23).
Paulo, assim como o Deus a quem ele servia, era sim um homem de
palavra (2Co 1.17-19), mas o amor que ele sentia e o cuidado que ele
tinha pelos coríntios o impediram de visitá-los naquele momento (2Co
1.23-24). Os coríntios, portanto, teriam feito bem se tivessem julgado o
apóstolo não pelo que eles acharam, mas pela soberania de Deus, que
dirige todas as coisas, e a sabedoria de Paulo, que entendeu não ser
aquele o melhor momento para revê-los (2Co 1.23-2.2).
Muito cuidado antes de julgar alguém, pois, como diria Carlos
Drummond de Andrade: “Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas
pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre os seus
erros, ou tentar fazer diferente algo que fez muito errado. (…) Fácil é
demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado. Difícil é
expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te
entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.” Ah, se os coríntios
tivessem pensado assim! Ah, se nós pensássemos assim! Muito cuidado
antes de julgar alguém.
Pr. Leandro B. Peixoto
Pastor da Igreja Batista Central de Campinas – São Paulo
Pastor da Igreja Batista Central de Campinas – São Paulo