“Mas em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu
complete minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para
dar testemunho do evangelho da graça de Deus.” (Atos 20.24).
Paulo disse que não considerava sua vida preciosa para si mesmo. Pelo
contrário, sua vida somente seria preciosa se fosse gasta a favor dos
outros. Mas nestes tempos de individualismo e hedonismo exacerbados fica
muito difícil falar de “dar a vida” por alguém, por uma causa ou por um
povo. Na passagem em que está inserido o versículo acima, Paulo cita um
ensino de Jesus em que este afirma que “Dar é muito mais bem-aventurado
que receber.” Modernamente temos invertido os termos desta frase para:
“Receber é muito mais bem-aventurado que dar.”
E aqui estamos nos referindo diretamente aos chamados evangélicos, que
na sua maioria adotaram uma “teologia” do “venha a nós o teu Reino”,
esquecendo-se de que o Reino não virá se não se cumprir o que Jesus
ensinou em João 12.24: “Se o grão de trigo não cair na terra e não
morrer, ficará só; mas, se morrer, dará muito fruto.”
Os evangélicos em geral, incluindo os históricos, estão praticando um
cristianismo voltado para o próprio umbigo, buscando uma adoração de
“bem-estar”, centrada no homem e não em Deus, um evangelho preso às
quatro paredes de um ambiente dominado pela tecnologia e por uma devoção
do tipo “fast-food”. E essas quatro paredes frequentemente mais parecem
os limites de uma casa de “shows”.
Enquanto isso, lá fora os jovens se matam por ninharias, drogam-se e
prostituem-se; o futebol tornou-se uma “religião”, com todas as
características de fanatismo, incluindo “hinos” e “templos” (pois se
agora qualquer lugar pode ser um templo, por que os estádios não podem
ser?); a corrupção e o banditismo campeiam; as pessoas morrem nas portas
dos hospitais; e por aí a fora.
Um “grão de trigo” individualista, que busca apenas o seu próprio
prazer, jamais “cairá na terra” e por isso mesmo jamais produzirá fruto
algum. Por essa razão também jamais ultrapassará os limites de si mesmo,
tornando a sua vida sem nenhum valor para Deus e para os seus
semelhantes; ao contrário de Paulo, que preferia que sua vida não fosse
importante para si mesmo, desde que o fosse para os outros.
Pr. Sylvio Macri
Pr. Sylvio Macri