Santidade na família, o grande desafio

O lar é o único lugar onde não podemos “usar máscaras”, isto é, onde não podemos enganar as pessoas, pois elas nos conhecem na intimidade. Nossos familiares nos conhecem como nós realmente somos e não apenas na nossa aparência. Por isso, o lar é o lugar em que a santificação se torna verdadeiramente um desafio.
Muitos “santarrões” aos olhos dos demais membros da igreja  são verdadeiros “demônios” aos olhos dos seus familiares. Muitos filhos de crentes, inclusive filhos de pastores e outros líderes, rebelam-se contra Deus, ou tornam-se indiferentes a Deus, por causa de pais que vivem uma falsa santidade. E essa situação agrava-se mais ainda quando os filhos vêem os pais sendo reconhecidos como “santos” pelo povo da igreja.


Muitos “santarrões” aos olhos dos demais membros da igreja  são verdadeiros “demônios” aos olhos dos seus familiares.
Para vencer este desafio tão grande, antes de mais nada, precisamos buscar humildemente a graça de Deus, confessando a ele as nossas falhas, buscando o seu perdão e poder para vencer os pecados que cometemos na família.

Também precisamos aperfeiçoar nossos relacionamentos familiares, exercitando as virtudes que constituem o fruto do Espírito, tais como amor, paciência, benignidade, mansidão, domínio próprio, bondade, fidelidade, lealdade. Precisamos igualmente aprofundar nossa capacidade de renunciar, de sermos cada vez mais altruístas e menos egoístas.
É necessário, igualmente, manter a disciplina de uma vida devocional, o que inclui a prática diária da oração e um programa de leitura da Bíblia no lar. Na calma do lar é que temos as melhores oportunidades para a oração e para a leitura bíblica. A vida devocional dos pais é exemplo para os filhos. Quando estes percebem que Deus é uma pessoa real para os pais, passam a ter uma atitude positiva para com Deus.
O Novo Testamento tem sete passagens específicas sobre a família, as quais tratam do assunto muito mais do ponto de vista ético do que teológico, porque falam dos deveres e direitos de filhos, pais e cônjuges (I Co. 7, Ef. 6:1-4, Cl. 3:18-21, I Tm. 5:3-16, Tt. 2:3-5, Hb. 13:4 e I Pd. 3:1-7), mas todas elas são profundamente relacionadas com a questão da santidade, por isso deveriam ser objeto de estudo e análise dos pais e filhos cristãos.
Do ponto de vista bíblico, “santo” é aquilo que Deus separou para si mesmo, seja um objeto, seja uma pessoa. Digamos que este é o aspecto teológico, porque trata da relação que Deus estabelece com aquilo que considera santo. Contudo, temos também o aspecto ético, que é nossa resposta a esse ato de Deus. Por exemplo: Deus separou o dízimo para si; se não o entregarmos a ele, estaremos cometendo um pecado de profanação daquilo que é santo. Assim também, quando Deus separa uma pessoa, ou mesmo toda uma família para si mesmo, ele espera que essas pessoas tenham um procedimento que demonstre, por palavras e por atos, que realmente pertencem a ele. Isto é viver em santidade.
Quando pertencemos a alguém, queremos dedicar-nos a essa pessoa, fazer o que lhe agrada, cumprir a sua vontade. E a vontade de Deus para a família está expressa na Bíblia, principalmente nas passagens que citamos acima. Portanto, quanto mais cumprirmos o que ali está ensinado, mais santidade teremos na família.
Por outro lado, como bem ensinou Jesus, é pelo fruto que se conhece a natureza da árvore. Igualmente, é pelo comportamento da família cristã que podemos perceber sua natureza regenerada pelo poder de Deus. E isto é tanto verdade para os que estão do lado de fora quanto para os que estão do lado de dentro do lar. Não só os nossos vizinhos precisam ver a presença de Deus em nosso lar, mas também os nossos filhos e parentes.
Pr. Sylvio Macri
Pastor da Igreja B. Central de Oswaldo Cruz-RJ