Uma boa consciência

Essa expressão aparece seis vezes no Novo Testamento (At.23.1;1Tm.1.5,19;Hb.13.18) . Além dela temos também as expressões paralelas: consciência inculpável (At.24.16), consciência pura (1Tm.3.9), consciência limpa (2Tm.1.3) e consciência para com Deus (1Pd.2.19).

Entendendo-se por consciência a percepção interior que o ser humano tem da qualidade moral de suas próprias ações, uma espécie de guia para avaliar o que é certo ou errado, e observando-se o contexto das passagens acima citadas, podemos concluir, com o autor aos Hebreus, que uma boa consciência é o resultado da purificação da má consciência por meio da fé em Jesus (Hb.10.22).

Paulo diz que “tudo é puro para os puros, mas, para os corrompidos e incrédulos, nada é puro; pelo contrário, tanto a mente como a consciência deles estão contaminadas.”, sendo “incapazes de qualquer boa obra” (Tt.1,15,16).
Em alguns deles a consciência torna-se mesmo insensível (1Tm.4.2 – na NVT a palavra é “morta”). Entretanto, mesmo aqueles que não têm lei (a revelação especial de Deus), têm consciência do pecado, pois “o testemunho da sua consciência e dos seus pensamentos ora os acusam, ora os defendem.” (Rm.2.15).

Isso é ainda mais verdadeiro para os que receberam a lei; por causa da consciência do pecado é que ofereciam continuamente sacrifícios em que havia derramamento de sangue para a purificação de seus pecados (Hb.10.2). Porém, sua consciência tinha a percepção de que esses sacrifícios eram impotentes para fazer a obra completa da purificação, pois o próprio sumo sacerdote, ano a ano, precisava voltar a oferecer sacrifícios, primeiro por si mesmo e depois pelo povo (H.97-9).

Somente o sangue de Cristo, oferecido uma vez por todas, pode purificar-nos das obras mortas da nossa consciência, para servirmos ao Deus vivo (Hb.9.14). Assim, uma boa consciência está indissoluvelmente ligada a um coração puro e a uma fé sem hipocrisia (1Tm.1.5,19), e leva o homem a ter um propósito permanente de viver com correção, de ser inculpável diante de Deus (At.24,16; Hb.13.18), o que pode incluir contrariar pessoas que nos rodeiam (ou mesmo que exercem autoridade e poder), resultando em discriminação, perseguição e sofrimento (1Pd.2.19;3.16,21).

Uma boa consciência é também condição para servir a Deus e para exercer a liderança na igreja (1Tm.3.9;2Tm.1.3), bem como para exercitar o amor e a verdadeira comunhão dos filhos de Deus (1Co.8.7,10,12). Uma boa consciência nos leva a evitar tudo aquilo que, mesmo sendo permitido, não traz proveito nem edificação (1Co.10.23-29). Uma boa consciência é que nos leva a nos apegarmos à verdade e à sinceridade, e nos recomenda à consciência de todos os homens diante de Deus (2Co.4.2).

Pr. Sylvio Macri