As notícias sobre as pessoas
que amamos nos vão chegando e algumas delas nos devastam. Um amigo desapareceu
e ninguém o localiza. Uma amiga teve descoberto um câncer inoperável no seio.
Um colega próximo precisou se submeter a um transplante renal, mas a rejeição o
debilita a cada dia. Depois de décadas no emprego, uma colega foi demitida
perto de se aposentar. Um casal jovem perdeu o seu primeiro bebê semanas depois
de um parto feliz. Em nossa casa, um de nós afundou na depressão e mal consegue
se alimentar.
Quando nos importamos com as
pessoas, seus sofrimentos doem em nós.
Nessas horas, precisamos amar
e demonstrar nosso amor para com essas pessoas, estejam em nosso lar ou em
outras casas.
Amamos quando, diante das
notícias, procuramos nos certificar que as coisas são como nos chegaram.
Tendemos a pensar no pior e a sofrer antes da hora. Precisamos de tranquilidade
para não nos tornarmos agentes de um terror talvez inexistente, ao fim do qual
se poderá dizer que foi apenas um susto.
Amamos quando, demonstrado
definitivamente o diagnóstico desolador, respeitamos a dor do outro. Se ele
quer calar, não o forcemos a falar. Se ele quer chorar, ofereçamos nossos
lenços. Se ele quer gritar, contribuamos com os nossos ouvidos. Se ele quer
sigilo, apresentemos nosso silêncio. Se quer ajuda, saiamos da contemplação. Se
ele quer que oremos, ajoelhemo-nos. A dor lhe pertence e lhe somos solidários.
Amamos quando não explicamos.
Parte das nossas dores é explicada e parte nos escapa a razão. Se a explicação
for necessária para a solução, no momento oportuno, cuidadosamente nós a
traremos à luz. Se for apenas para mostrar o quanto somos perspicazes,
guardemo-la conosco para sempre.
Israel Belo de Azevedo